O tamanho da maternidade
- Manu Ferracciu
- 3 de jul. de 2023
- 1 min de leitura
A maternidade sempre chega antes de mim. Não existe um lugar que eu vá que ela já não tá lá. Seja porque eu enxergo mães aonde eu vou, ou porque eu falo das crias em qualquer quebrada que eu pise. O problema é que chegando antes, ela acaba parecendo maior do que eu.
Sabe, não me lembro de um lugar onde ela não dê as caras primeiro. Até no lugar aonde moram as realidades paralelas da minha vida, não existe uma em que eu saio com um paquera e conto só depois de vários encontros que eu sou mãe. Até porque há 8 anos, o paquera tirou papinha do meu cabelo no primeiro encontro. A propósito, casamos anos depois, então recomendo essa tática de sedução.
Mas é isso que a maternidade faz comigo. Me leva a histórias e olhares únicos que se eu perder o fio parece que fui reduzida e não aumentada. Parece que me perdi tanto que nem tem eu sem ser mãe. Parece que essa falácia da separação de quem somos não é só teoria e que na prática as várias de nós não se misturam.
E de tanto parecer me faz duvidar: eu que não quero aceitar que a maternidade apagou quem eu sou, ou o mundo que me engana falando que eu diminuí?

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